segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Justiça manda soltar estudantes de medicina acusados de racismo

Estudantes suspeitos de agressão e racismo negam acusações, diz advogado
Homem negro de 55 anos foi atingido por tapete em Ribeirão Preto.
Segundo defensor dos três suspeitos, caso foi um ‘acidente’.


O advogado Carlos Roberto Mancini, que defende os três estudantes de medicina suspeitos de agressão e racismo contra um homem negro de 55 anos em Ribeirão Preto, a 313 km de São Paulo, disse na manhã desta segunda-feira (14) que seus clientes negam as duas acusações. De acordo com o defensor, o caso foi um “acidente”. “Está sendo apurado, não houve agressão, não houve nada disso”, disse ele ao G1.

O caso aconteceu na manhã de sexta-feira (11). A vítima seguia de bicicleta para o trabalho quando, segundo testemunhas, os três estudantes – de 19, 20 e 21 anos – passaram em um carro. Um dos jovens estava sentado sobre a janela, com um tapete preto enrolado nas mãos. Segundo a polícia, ele gritou "negro" e desferiu um golpe. De acordo com testemunhas, os três vibraram com a ação e fugiram em seguida.

Segundo o advogado, entretanto, a versão dada por seus clientes é diferente. “Isso não condiz com a verdade. Eles passaram, um dos meninos foi brincar, colocou o braço para fora. Ele estava com o tapete na mão, e acabou acertando nas costas do rapaz que estava passando. Eles não bateram”, disse Mancini, que também negou o racismo. “Jamais fizeram isso, são pessoas de boa índole, de boa família. Estão querendo dar essa conotação racista, mas ela é descabida.”
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Os estudantes chegaram a ser presos depois que testemunhas que estavam no posto de gasolina onde ocorreu a ação os seguiram. No sábado (12), a defesa conseguiu que o juiz Ricardo Montserrat, que atua na Vara da Família, aceitasse a alegação de que não houve racismo, e assinasse a liberação sob fiança.

De acordo com Mancini, o caso está sendo tratado pela polícia como injúria e lesão corporal. A defesa aguarda agora a análise da Promotoria. O advogado também informou que seus clientes estão em casa com suas famílias – um é de Goiás, outro do Pará e o terceiro de Campinas, a 93 km de São Paulo.

Perseguição

O motorista particular Adílson Castro de Moraes, de 31 anos, foi um dos responsáveis por não deixar que os estudantes fugissem após a ação. Ele estava parado no ponto que fica no posto onde ocorreu o crime.

“Vi o carro passando com um passageiro sentado em cima da porta. Isso chamou a atenção. Vimos um objeto na mão dele, pensamos que fosse um guarda-chuva”, contou Moraes. “Eles então chegaram perto do senhor, falaram ‘Seu negro!’ e bateram com o objeto. O homem caiu e eles foram embora.”

Revoltados com o que haviam acabado de ver, o motorista e seus colegas, além de seguranças que estavam no local, se dividiram para ajudar a vítima e seguir os estudantes. Moraes pegou seu carro e perseguiu os jovens até conseguir que eles parassem. Eles foram então imobilizados e a Polícia Militar chamada.

“Na hora que um deles bateu os outros deram risada, comemoraram. Eles disseram que foi uma brincadeira, que não era racismo. Mas foi, sem sombra de dúvidas. Foi bem chocante, e o mais revoltante é saber que os três já estão soltos”, afirmou.

Após prestar depoimento na delegacia, o motorista voltou ao posto e recebeu agradecimentos da vítima. “Ele agradeceu muito, disse que se a gente não estivesse lá, ele não poderia fazer nada.”

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