sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O CARASCO DO SECULO XXI




George W. Bush: o pior
presidente da história?

Em Washington – Está frio, em Washington – por volta de 0 grau. Não neva, embora a previsão seja de um pouquinho de neve, amanhã. As ruas estão cheias de gente andando e o trânsito é intenso. Nas proximidades da Casa Branca, é a Polícia do Exército que está nas esquinas tentando guiar o trânsito. Nas vitrines das lojas, nas bancas de camelô, o rosto de Obama está por toda parte.

Sábado à noite, no Aeroporto Internacional de San Francisco, não havia para quem perguntássemos para onde ia que tivesse uma resposta diferente: todos estavam a caminho de DC pelos caminhos os mais diversos, escalas por tudo quanto é aeroporto do país. Quase todos negros. Os aviões cheios de negros. Aqui em Washington, não há um negro pela cidade que não tenha um sorriso no rosto. Não é à toa que estão vindo de toda parte. Sentem que o momento é seu.

Mas ainda não: é preciso fazer uma despedida, antes.

Virou clichê se referir a George W. Bush como o pior presidente da história dos EUA. Se é o pior, o segundo pior, ou o quinto, é uma decisão que fica para os historiadores.

A direita o elegeu. Um bom naco da direita, aqui nos EUA, é libertária ou liberal. Quer um Estado pequeno e respeito máximo aos direitos individuais. A estes seus eleitores, Bush virou as costas. Seu governo argumentou que não podia precisar de autorização judicial para investigar cidadãos, ouvir suas conversas, checar o que leem na biblioteca. Aumentou a autoridade do Poder Executivo. Aumentou o governo: pegou o dinheiro que pode e investiu em ongs religiosas. Quis que entidades religiosas assumissem funções governamentais. Quis, e muitas vezes conseguiu, impor valores religiosos nas decisões de governo.

Outra parte da direita nos EUA é a direita religiosa. A estes, Bush ofereceu o que quiseram.

Foi um presidente anti-ciência. Impôs tantos obstáculos quanto pode sobre o estudo de células tronco embrionárias. Defendeu o ensino do ‘design inteligente’ nas aulas de ciência. E durante quase todo seu governo, não fez rigorosamente nada a respeito da mudança climática. Durante seis anos de oito, negou que a queima de combustível fóssil tivesse qualquer coisa a ver com isso. Mesmo quando reconheceu os estudos científicos a esse respeito, permaneceu sem fazer nada.

Do ponto de vista do progresso da ciência, foi um obscurantista.

George W. Bush foi talvez o primeiro presidente dos EUA a relativizar os ideais iluministas da Revolução Americana no discurso. Muitos o fizeram de fato – nenhum falava sobre isso abertamente. Defendeu a tortura: lutou para que oficiais dos EUA tivessem autoridade para infligir castigos físicos sobre prisioneiros sugerindo que isto não fosse tortura. Criou uma prisão sobre a qual o Estado de Direito não chegava. Uma prisão na qual homens não tinham direitos.

George W. Bush pegou um país com superávit fiscal, com reservas suficientes para pagar a imensa dívida da previdência, e o entrega oito anos depois na pior crise econômica desde a Crise de 1929.

O governo de George W. Bush foi um desastre. Tudo poderia ter sido muito diferente: afinal, em novembro de 2000, outro homem foi eleito à presidência. A recontagem de todos votos na Flórida, feita por uma consultoria, provou isso. Mas a recontagem não ocorreu.

A história do próximo governo dos EUA ainda vai começar. Hoje, que é o último dia da presidência de George W. Bush, não custa lembrar seus grandes feitos. Não é preciso sequer falar sobre seus fracassos militares

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