domingo, 1 de agosto de 2010

VIOLENCIA CONTRA OS PROFESSORES



Pesquisa inédita da Unesco feita em seis capitais mostra que 30% deles já viram arma nas mãos de alunos


Fernanda Mena e Cláudia Collucci escrevem para a ‘Folha de SP’:

A lousa, o caderno, o lápis e a borracha, tão comuns à sala de aula, não é de hoje convivem com o porte de armas, a atuação de gangues e do tráfico de drogas, o furto e a agressão física e verbal.

‘Violência contra o professor é a coisa mais comum que há em escolas. Todos têm uma história para contar’, diz o professor de geografia do ensino fundamental e médio João (todos os nomes de professores são fictícios), 38.

O depoimento de João ilustra bem o resultado de um estudo inédito da Unesco (órgão das Nações Unidas para educação e cultura). Intitulada Pesquisa de Vitimização, o estudo entrevistou, em 2003, 2.400 profissionais de seis capitais brasileiras (SP, Rio, Salvador, Porto Alegre, Belém e Distrito Federal) e apontou que 86% deles admitem haver violência em seu local de trabalho.

Segundo a pesquisa, mais de 50% dos professores afirmam haver casos de furtos nas escolas onde trabalham. Um em cada dez conhece casos de gangues e de traficantes atuando nas instituições. E 30% já viram algum tipo de arma nas mãos de seus alunos.

‘A violência conseguiu impor a sua lei do silêncio’, explica Miriam Abramovay, coordenadora da pesquisa da Unesco. A evidência está nos dados: 53,2% dizem ‘não saber’ se gangues atuam na escola e 61,2% afirmam ‘não saber’ se ali há tráfico de drogas. ‘O pânico é tamanho que fica mais fácil fingir que não há nada acontecendo’, diz.

‘Todo o problema do fracasso escolar vem não só da qualidade do ensino mas também daquilo que ocorre no cotidiano escolar’, diz. ‘A escola não funciona. E não está organizada nem preparada para receber a população que passou a freqüentá-la com a democratização do ensino’, afirma Abramovay. Para ela, a violência aumentou à medida que o ensino se democratizou e a escola de hoje não tem mecanismos de resolução de conflitos

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